quarta-feira, 25 de abril de 2012

A televisão.

Nos dias que correm, sinto falta de ver televisão e de viver serões como os que eram vividos entre a minha família, há uns anos atrás, depois do jantar, com todos em frente ao “quadrado mágico”. E não vejo lá muita televisão, porquê? O nível intelectual dos programas de hoje é muito à frente para mim, sobretudo tudo o que venha desse canal privado chamado TVI. Aliás, quem julga que TVI são as iniciais de  “Televisão Independente” está muito enganado! Na verdade, são as iniciais de “Televisão Intelectual”.



Há mais ou menos dez anos que este canal é líder de audiências – diria até que com todo o mérito – com programas arrojados e, em alguns deles, fez um verdadeiro serviço social ao transformar desconhecidos em famosos: falo, claro está, dos Reality Shows. A selecção dos concorrentes nestes programas foi sempre muito apertada, onde o critério mais importante era o Q.I. das pessoas. O aspecto das pessoas, incluindo músculos e litros de silicone é absolutamente facultativo. Não é de estranhar que depois da passagem pelo programa grande parte dos concorrentes tivesse editado livros, discos de música, entre outros. A TVI só descobre verdadeiros eruditos anónimos .
Também nos apresentadores a TVI esforça-se por ter alguém com uma inteligência acima da média. Tomemos como exemplo o programa, que está hoje em exibição, chamado “A Tua Cara Não Me É Estranha”: o júri é um bálsamo, simplesmente soberbo. Para começar, têm todos uma cultura musical de outro planeta; depois, é composto por pessoas que sabem estar na vida, não bebem nem nada; e por último, se há coisa que nunca veremos ali é gente a usar cábulas para falar sobre determinado artista. Está tudo na ponta da língua. Digo mais: este programa é tão bom que consegue meter um estrangeiro, duma ilha chamada Madeira, muito conceituado, a falar de música. Para finalizar, os convidados são uma constelação de estrelas, onde todos são extremamente bem sucedidos e nenhum – mas nenhum – se tentou suicidar. Só falha mesmo os apresentadores, que falam muito baixo e são muito másculos.
Porém, isto é como eu disse logo no início: sinto um vazio dentro de mim, sempre que acaba o Telejornal, pá. Não há um programa com o qual me identifique, actualmente. Onde andam as Telenovelas que faziam parar o pais? Onde andas tu, Tieta do Agreste? O que é feito de ti, António Fagundes, o “Rei do Gado”? Ainda me lembro da Glória Pires na novela “Mulheres de Areia” ou do assassino secreto d´ ”Aproxima Vítima”. E tu, Jorge Tadeu da novela “Pedra Sobre Pedra”? o melhor mulherengo alguma vez criado e que, mesmo depois de morto, continuava a dar prazer às mundanas mulheres. Isto sim, eram tempos! A imprevisibilidade do “Agora ou Nunca”, a adrenalina do “Não Se Esqueça da Escova de Dentes” e o humor inconfundível d´ “Os Malucos do Riso”, que nostalgia.
O que me resta, hoje, são canais como a TVI ou a SIC, com os seus programas repletos de sabedoria e sapiência. E o prejudicado sou eu, que não estou ao nível deles e das novelas que ambos passam. É outro patamar. Da RTP2 nem falo, é muito básica e com programas comerciais, apenas com a preocupação das audiências. E acabo por aqui, que a minha ironia também tem limites. Vou ver televisão.

Sleepyhead.

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