quarta-feira, 23 de maio de 2012

Portugal é fixe.

Nos dias que correm, Portugal é associado a tudo o que é mau: desemprego, austeridade, recessão, ao Benfica, falta de oportunidades para os jovens, papas de sarrabulho, entre outros. A calamidade social e política chegou a um ponto que mais parece vivermos, novamente, nos anos 60 tal é a emigração a que assistimos. Em boa verdade, não é preciso ser-se um génio para perceber que quem está mal, muda-se. É precisamente isso que acontece agora, mas se pensarmos bem o nosso pais ainda tem coisas bastante boas e que os outros não têm. Eu ainda acho Portugal “fixe”.



Vou, agora, mencionar um número de coisas que ainda podemos fazer cá e que torna este pais único. Como eu sou uma pessoa extremamente bem educada e corro o risco da minha mãe ler isto, vou usar um nome fictício: “Frederico”. Agora que estão a par do nome que escolhi, vou então colocar o ”Frederico” nas mais variadas situações do dia-a-dia. Imaginemos o “Frederico” a andar na rua, todo pimpão, e apetece-lhe cuspir para o chão – em bom português, “escarrar”. Não há absolutamente nada que o impeça de o fazer. Mais ainda, mesmo que o faça, não há nada que lhe possa acontecer, para além de alguma reprovação social: púdicos, é o que é! Agora, se o “Frederico” fizesse isto, por exemplo, na Alemanha era severamente multado e ainda lhe vestiam um pijama às riscas. E vocês sabem o que fazem na Alemanha a estas pessoas. Uma outra situação perfeitamente banal: vai o “Frederico” no carro e de tão apertado que está, tem que mijar para uma árvore ou parede (ou simplesmente mijar contra o vazio). Muito bem, ele pode fazê-lo. Não é aconselhável, mas pode. Agora, fazer isto na Holanda? Multa, logo! E mandavam o “Frederico” para a Alemanha vestir um pijama às riscas na mesma. Terceira situação: vai o “Frederico” no carro a fumar e o cigarro acaba. Ele não tem mais nada e atira pela janela da porta fora. É porco? É. Um bocadinho. Acontece-lhe alguma coisa? Claro que não. Se fosse lá fora? Ia parar a Alemanha com um pijama às riscas, seja em que pais for.
E isto leva-me a crer uma coisa: vivemos num dos países mais democráticos do mundo, onde a liberdade de expressão é um bem essencial. Haverá maior prova de civilização do que uma Nação que se mantém fiel aos seus princípios e à natureza intrínseca do Homem? Somos um povo de “chicos espertos”, que não respeitam filas de trânsito, filas de cinema, filas de que género for, que procura sempre ficar com a maior fatia, que tenta ter o carro melhor do que o do vizinho, mas mesmo assim conseguimo-nos entender. Aliás, só neste pais se é possível vermos os domingueiros, à tarde, a arrotar (ou a lançar o gás por outro sítio mais másculo) o almoço, de palito na boca e a tirar o cotão do umbigo. Se isto tudo é nojento? É. Mas pelo menos têm coragem para o fazer e não pagam nada se forem caçados. Há quem emigre para ganhar melhor, mas nem por isso vivem melhor. Ou pelo menos, não tão à vontade.
Nota final: “Frederico” era o nome que o meu irmão mais velho tão carinhosamente me chamava, quando eu era pequeno, para me irritar.

Sleepyhead.

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