A "Publicidade" de hoje já não é o que era.

Há dias que anda a “rolar” o novo anúncio da Compal. Pois é, a Compal festeja 60 anos de vida e quem fica sem grande vontade para festejar sou eu.  E qual foi a melhor forma que os senhores da Compal encontraram para festejar à grande? Criar a música mais irritante que pode haver, ao ponto de sentir as minhas têmporas a palpitar de tanto nervo que provoca. Não quero levantar aqui suspeitas -  nem ser desagradável para ninguém -  mas acho coincidência a mais que na semana em que a publicidade estreia, uma pessoa se tenha atirado duma varanda abaixo.

Mas a verdade é que a publicidade de hoje já não é o que era. O que é feito dos anúncios como os da Calgon em que vinha um senhor especialista em máquinas de lavar roupa alertar a senhora, muito ignorante, sobre os perigos do elevado nível de calcário? Onde andas tu, Ambrósio, que adivinhas sempre o que a Senhora quer? E tu, miúdo do Kinder Délice, que orientas sempre o teu colega de escola que nunca tem um lanche em condições? E tu, senhor mordomo, que apenas com um pedaço de algodão verifica se uma mansão inteira está bem limpa? E você, senhora já com uma certa idade, mas que rasga, sem problema nenhum, uma toalha de banho só porque não foi lavado com lixívia Neoblanc? Há tanta gente que faz falta na publicidade e que me fazia sonhar com um mundo melhor...

Por outro lado, dá-me a impressão que, hoje, quanto mais estúpido o anúncio for mais sucesso ele terá. Neste caso específico, falo sem pudor nenhum dos anúncios do Pingo Doce. Aliás, a meu ver há todo um novo paradigma de publicidade quando surge o primeiro anúncio do Pingo Doce, apenas comparável com a adopção do heliocentrismo – em vez do geocentrismo – defendido por Copérnico. E aqui entre nós: quem é Copérnico à beira destes senhores de refinada criatividade?

Para finalizar, deixo aqui uma questão ainda maior: como é que o Senhor Ambrósio consegue fazer toda aquela pirâmide tão perfeita e cheia de requinte de Ferreros? E onde é que ele foi buscar aquele “tuning” de onde saem, efectivamente, os chocolates? A invenção da roda conseguiu-se espalhar pelo mundo todo, mas este “gadget” apenas o Ambrósio o possui... pensem nisso.

Sleepyhead.